quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O contexto da informação: apontamentos contemporâneos.*

Por muito tempo, a mão-de-obra e o capital foram considerados os únicos fatores diretamente ligados ao crescimento econômico. A informação, o conhecimento, a aprendizagem organizacional e, mais recentemente, o capital intelectual (conhecimento formal das pessoas que integram uma organização) eram considerados fatores de importância relativa para a economia. Contudo, na chamada “Sociedade da Informação”, essa compreensão passa a ser regida com a influência das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) e, assim, observa-se uma valorização crescente desse novo conjunto.

Valentim (2000) procura de uma maneira bastante direta trazer ao debate a relação de desenvolvimento alinhada à produção informacional, isto é, evidencia que quanto maior for à produção informacional de uma nação, maior será o grau de seu desenvolvimento e de sua política de inovação.

Contudo, se por um lado é importante à consolidação de uma cultura informacional, observada por Castells (2003), por outro se deve ter certa preocupação referente a esse fenômeno; pois, há a necessidade de se reunir discussões teóricas e práticas em uma determinada ciência, de modo a fornecer as contribuições derivadas da informação propriamente dita, partido desde a sua concepção epistemológica até aos diversos contextos atuais.

Kelly (1996) entende que essas características em conjunto produzem uma economia e uma sociedade enraizadas no conceito de redes, como já afirmava Castells (2003, p. 119) ao qualificar a nova economia sob três vertentes: informacional “[...] porque a produtividade e competitividade de unidades ou agentes nessa economia [...] dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos”; global “[...] porque as principais atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes [...] estão organizados em escala global, diretamente ou mediante uma rede de conexões entre agentes econômicos” e em rede “[...] porque, nas novas condições históricas, a produtividade é gerada, e a concorrência é feita em uma rede global de interação entre redes empresariais”.

A mudança da dinâmica da economia local para uma economia global, também é fruto das profundas transformações tecnológicas, tanto em relação aos processos quanto em relação aos produtos, e que tornaram algumas empresas, setores e áreas mais produtivos.

A informação juntamente com o capital, o trabalho e a matéria-prima, comumente são considerados condições básicas para o desenvolvimento econômico, no entanto, de acordo com Hjörland e Capurro (2007, p.149), “[...] o que torna a informação especialmente significativa na atualidade é sua natureza digital”.

Reconhecer a importância da informação como fator de produção de riquezas, que agrega valor a produtos e processos, e das tecnologias envolvidas na sua aquisição, armazenamento, tratamento e disseminação, que compreendem a computação, a comunicação, a gestão e organização de conteúdos, regem a sociedade em geral e as empresas em particular, dando origem a uma “economia digital” (TAPSCOTT, 1995, p. 12).

No campo da Ciência da Informação, a explosão da informação digital aumentou suas fronteiras temáticas e metodológicas de pesquisa, motivando a integração de grupos interdisciplinares que buscam respostas para as complexas relações sociais e problemas de comunicação e utilização de conteúdos.

Por outro lado, a informatização global não se restringe aos processos de transferência de informação e interdependência de dados, mas implica também, uma avaliação dos direitos individuais, dentro das perspectivas sociais, éticas e políticas. Portanto, a infra-estrutura de serviços de informação, envolve todo o tecido social.

Contudo, a sólida e a rapidez empregada ao desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação passam a ser claramente responsáveis por essa nova economia, contribuindo sobremaneira para a consolidação que conhecemos atualmente como a Sociedade da Informação.

Diante disso, verifica-se através da nova economia, o papel fundamental que a informação passa a desempenhar em um mercado extremamente dinâmico, tendo como principais fatores de desenvolvimento focado no binômio informação-capital, a inovação e o conhecimento.

Portanto, a tríade informação, tecnologia e conhecimento são elementos preponderantes para o amadurecimento da nova economia, determinando em grande parte a inclinação produtiva da sociedade e sua organização econômica.

* Por Orlando de Almeida de Almeida Filho
Mestre em Ciência da Informação - UNESP/Marília
Professor do Curso de Biblioteconomia do IESF
Coordenador do GEITC

Um comentário:

Elder Lopes Barboza disse...

Texto muito bom Orlando. Parabéns!!!
Que tal fazê-lo de modo "oficial"??
Abraços.

Elder Lopes Barboza